quinta-feira, 25 de junho de 2009

O inesquecível "pé de boi"'

O inesquecível "pé de boi"'

Alex Periscinoto, um dos ícones do marketing brasileiro, relembra a criação dos primeiros comerciais do Fusca no país

Tão lendária quanto a história do carro que marcou a indústria automobilística nacional é a sua publicidade. Em comemoração aos 50 anos do Fusca no Brasil, a Marketing entrevistou Alex Periscinoto, um dos ícones do marketing brasileiro, que foi também responsável pela realização dos primeiros comerciais do veículo. Do departamento de criação de sua agência na época, a Alcântara Machado Publicidade (Almap), saíram grandes peças publicitárias para divulgar o carro que começou a ser comercializado no País em 1959. Anúncios premiados, como o “Lave e use” ou ainda o “Cheque ao portador”, ajudaram a construir a imagem do lendário Fusca, que até o término de sua produção, em 1996, vendeu 3,1 milhões de unidades em todo o território nacional.

Durante esse período, o “besouro” inspirou a criação de muitos modelos da Volkswagen, como a Brasília, apresentada em 1973 como uma opção mais sofisticada do Fusca; o SP2, que primava pelas formas arrojadas; e o TL, sucessor do Fusca quatro portas, popularmente conhecido como “Zé do Caixão”, devido à disposição das maçanetas nas quatro portas.

Periscinoto não só presenciou o surgimento de todos esses modelos como ajudou a vendê-los por meio de campanhas criativas. A seguir, o publicitário, que hoje é sócio e diretor da empresa de consultoria Sales, Periscinoto, Guerreiro & Associados, relembra algumas histórias de “mil novecentos e pé de boi”, como ele mesmo gosta de se referir à época do lançamento do Fusca no Brasil.

“O Fusca representou a vida da agência (Almap) durante muitos anos. A Volkswagen é um cliente que está lá desde 1960. Só mudaram os carros, mas a parceria se manteve. Essa relação duradoura fez da Volkswagen um dos clientes mais premiados do Brasil. Lembro de grandes campanhas que ajudei a produzir para o Fusca, que já foi lançado no País com um anúncio memorável. Para mostrar a simplicidade do carro, colocamos a imagem do veículo e a frase ‘lave e use’. Além de ser muito premiado no Brasil, o anúncio foi adaptado para diversos países. Depois, para passar a ideia de que o Fusca tinha um bom valor de revenda, criamos um anúncio nos mesmos moldes do anterior e o conceito ‘cheque ao portador’. Investimos nessa comunicação durante anos, até a chegada do Fusca quatro portas, que mostrava o ator e comediante Rogério Cardoso perguntando onde estava o motor do carro. Outra ação memorável foi a que produzimos para o lançamento da Brasília, em 1973: um anúncio que trazia uma fita métrica escondida na página dobrada para mostrar que o carro era maior por dentro do que por fora.

Uma das histórias mais inusitadas dessa época ocorreu durante o lançamento da versão popular do Fusca, o chamado ‘pé de boi’. Eu e o fotógrafo (German Lorca) fomos fazer uma foto para a campanha. Tinha que ser em uma zona rural, porque eu queria fotografar o carro ao lado de uma charrete. Quando chegamos lá, não havia nenhum cavalo para levar a charrete até o cenário. Como não tínhamos equipe de produção, eu fui puxando a charrete, e posso assegurar que era uma distância razoável. O Lorca não perdeu tempo e fotografou a cena e eu fiquei conhecido não como o ‘pé de boi’, mas como o ‘burro de carga’. O mais engraçado é que a fábrica preparou esse modelo simplificado com a expectativa de reduzir o preço do Fusca. Mas todos que o compravam acabavam gastando uma fortuna para equipá-lo. Logo concluímos que aquele produto não estava sendo aceito como tal, pois o brasileiro não estava a fim de comprar um carro pelado e sim um modelo mais arrumadinho. E foi assim que a Volkswagen tirou o ‘pé de boi’ de circulação, passando a vender apenas a versão normal do Fusca."

Fonte: Revista de Marketing - Editora Referência - Edição Abril de 2009
link: http://www.revistamarketing.com.br/materia.aspx?m=220



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